domingo, 13 de novembro de 2011

Amor & Suicídio - 3º Capítulo

Se você não leu o primeiro capítulo: Amor & Suicídio - 1º Capítulo
Se você não leu o segundo capítulo: Amor & Suicídio - 2º Capítulo

Amor e Suicídio

Capítulo 3.

  Todos esses sentimentos que guardei, que estava revivendo, me faziam querer apressar as coisas, mas eu sabia que antes de tudo eu precisava relembrar as coisas que aconteceram. Principalmente, me agradava relembrar os dias felizes que tive com ele, cada palavra era especial para mim.
  Não gostaria que me julgassem antecipadamente, ou que pensassem que Christian foi uma pessoa má, ele não foi nenhum homem ruim a princípio. Os motivos que estragaram nosso relacionamento foram justamente estes, ele não ter pensado que estava fazendo mal aos outros.



- Cassadee, essa música que acabei de tocar, eu fiz inspirado em você. Sei que não sou o melhor cantor do mundo, nem o melhor compositor, mas acredito que esta canção que eu fiz para você, sirva como prova do meu amor. Quer namorar comigo?
- É óbvio!
  Eu precisava relembrar estas palavras, sua música. Minha música. Eu podia ouvir mentalmente a música toda como se fosse um filme em que ela era a música tema do casal e passava durante as cenas, fazia parecer melhor do que ele tocando antes do pedido.


  Ele vestia um terno azul aberto, não tão escuro, nem tão claro, caia perfeitamente bem em seu corpo. Adorava o modo em que ele combinava sua roupa social com um cabelo pouco desleixado, não exagerando no social ou no casual.
  Seu sorriso torto me atraía e seus olhos me abduziam para outro planeta, provavelmente um lugar em que nós inventaríamos para escapar da realidade, para esquecer um pouco a faculdade, a família e qualquer outra coisa que nos incomodasse. O buque de rosas vermelhas fazia contraste com sua roupa, me fez pensar se ele pensou naquilo tudo de propósito ou foi coincidência.
  Após isso, parei de me importar se ele iria demorar para ligar ou se diria, com todas as palavras, que gostava de mim; eram asneiras, e então eu me dei conta da imaturidade que era se importar com aquilo. Ele ligaria a hora que pudesse e tivesse vontade, e diria seus sentimentos quando fosse sincero e quisesse.
  Era verdade que ele não era o melhor cantor do mundo, não omitiria este detalhe da realidade, não era como se eu fosse burra ou algo assim e acreditasse mesmo que ele tinha um real talento, mas ele era bom pra mim, até porque ele tinha uma banda, não poderia ser tão ruim assim.
  Abri meus olhos e sorri de cabeça baixa. Era a primeira vez que havia sorrido após me lembrar do nosso passado neste dia. Todos os momentos eram maravilhosos e normalmente eu daria risada sozinha lembrando, mas a tensão da morte e o acúmulo de todas as coisas naquela semana, após o sonho que tive, eram superiores a qualquer coisa.
  Nossa história possuiu cinco tempos, deles já passaram dois, os períodos de paixão e namoro. Não gosto muito de classificar o amor neles porque aconteceu sem um tempo certo, mas foi algo entre o namoro e as brigas. E então, por último, casamento, e nele todos os tempos aconteciam simultaneamente.
  Ao pensar nos cinco tempos, logo me correu a mente a imagem do nosso casamento, a pressa é inimiga da perfeição.



  O tempo estava nublado e o vento levava as folhas secas caídas das árvores. Laranja. Era o que eu via, não era feio, pelo contrário, mas não era a minha época preferida do ano. Vestia um casaco amarelo e tênis vermelhos, não gostava de usar cores escuras nestas épocas como todo mundo, fazia parecer tudo muito triste, como um velório, como se o sol tivesse morrido.
  Era fim de semana e não tinha trabalho da faculdade ou trabalho. Passeávamos pelo Central Park tomando um sorvete, foi pouco tempo antes de entrar no tempo das brigas, os motivos estavam lá, mas eu ainda não os conhecia, apenas desconfiava, mas não possuía prova alguma para entrar em uma discussão e preferia não pensar nisto e aproveitar.
- Já se passaram três anos e ainda estamos juntos, fico pensando em como ainda te agüento.
- Não pense que é a única a ter este pensamento.
- É lógico que você me aguenta, você me ama e eu sou irresistível, não teria como ficar longe de mim.
- Concordo, em partes.
- Qual partes?
- A parte em que você é irresistível.
- Tudo bem, eu não queria seu amor mesmo, posso me satisfazer com este sorvete!
- Bobinho!
  Ele me deu um beijo no rosto e se desequilibrou, não podia caminhar, conversar e tomar sorvete ao mesmo tempo. Tão desastrado, por um bem maior ao menos.
  Bobeiras eram um bom passa-tempo para quando não se tinha nada interessante ou novo para se falar, creio ser uma qualidade de todos e uma necessidade para se poder levar um relacionamento para frente, seja qual for.
  Observava as mulheres com seus bebês, brincando, caminhando ou algumas sem reações. Eu gostaria de ter um filho, algum dia, não como se fosse um sonho ou uma necessidade, mas eu adoraria ter alguém para cuidar, um novo amor na minha vida, um amor incondicional. Talvez seja algum tipo de segredo escondido na genética que faz com que quase todas as mulheres possuam este instinto materno, esta vontade.
- Você pensa em ter filhos algum dia?
- Hm, não costumo pensar sobre isso, mas gostaria sim. Você gostaria de ser mãe?
- Não tão cedo, mas gostaria sim, queria um menino.
- Eu queria ter um casal, um de cada, sabe.
- Se continuarmos juntos eu posso pensar no seu caso.
- Que história é essa de se?
- Você sabe que é brincadeira né, nós vamos ficar juntos.
- É bom mesmo, engraçadinha.
  Não era como se fosse uma conversa realmente séria, mas nós dois queríamos ficar juntos por mais tempo, por quanto tempo pudéssemos, talvez por todo o tempo que tivéssemos, e então realizaríamos cada desejo de casal.
  Gostaria de ter uma certeza da ordem em que todos estes fatos ocorreram, mas a mente é confusa e esquecida, perco-me em todas as lembranças devido a estes fatos e a ansiedade em ir direto ao ponto em que quero chegar.



  Time Square. Neste dia eu não estava com Christian, mas eu lembro de realmente sentir muita falta dele, não o via por causa das provas da faculdade, mal lembro o que eu estava fazendo na Time Square , com quem estava ou porque estava lá. Estava anoitecendo e já começava a ver bem todas as luzes e a vivacidade daquele lugar, pessoas caminhando por todos os lugares e para todos os lugares, barulhos de carro, conversas, risadas e passos.
“Sinto sua falta.”
“Também sinto a sua falta, Chris, mal espero para te ver te novo.”
  Dei um sorriso ignorando qualquer pessoa que estivesse a minha volta, esquecendo que alguém poderia estar me observando, eu simplesmente não me importava.
  Eu ainda tinha aquela mensagem guardada. Senti uma pontada no meu coração, não era uma dor física ou algo do tipo, a intensidade poderia até mesmo se igualar, provavelmente ultrapassasse, mas nada mesmo pode explicar o que sinto agora, como é estar em minha situação, isto é um fato que eu apenas tento.
  São coisas simples, talvez as pessoas achem coisas banais, que acontecem todos os dias e com todas as pessoas, fatos totalmente fúteis e que não mereciam ser mencionados aqui, mas para mim são as coisas que realmente importam. Jamais disse que minha vida era algo extraordinário, cheio de mistérios, amores, finais felizes e suspenses.

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